quinta-feira, 18 de março de 2010
Houve um tempo
Houve um tempo em que o tempo não tinha fim.
Percorriam-no jogos, corridas e risos pelo jardim,
Ou as rodas de uma dança de criança, de um triciclo,
Um ciclo de fitas animadas, livros de contos de fadas,
Baladas, romances de príncipes e princesas encantadas…
Houve um tempo de inocência, em que a aventura
Sorria, espreitando, em cada esquina, e era ventura
As pistas descobrir, e do mistério desvendar a solução,
Na convicção de quem é vencedor na luta pelo bem
E tem, em si, a ambição de ser gigante - ser alguém!
Houve um tempo de sonhos como botões de rosa,
A florescer no desfiar dos pensamentos de uma prosa,
A gentilmente se expandir em pétalas coloridas, delicadas,
Perfumadas de magia, de um aroma que embriaga, inebria
E nos guia, qual brisa suave, pelos caminhos da Poesia.
Houve um tempo em que o futuro se desenhava luminoso,
Longínquo, belo horizonte pleno de esperança, grandioso,
E que os passos, alegres, decididos, cheios de felicidade,
Pela cidade me levavam, corajosos, e seguros revelavam,
Antecipavam, carinhosos, o amor imenso que buscavam…
Houve um tempo em que o presente era também futuro,
Em que, vivendo a dois tempos, lançava meu olhar puro,
E dali mesmo antevia, leda visão do porvir, o que seria,
Viveria sonhos de amor e grandeza, que ainda ouso atrair,
Ouvir promessas de então, que o coração quer cumprir.
(Ilona Bastos)
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