quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Contar Bençãos...


A natureza, caprichosa artesã, jamais repete um alvorecer ou um pôr de sol.
A cada amanhecer o céu se veste com cores e tons diferentes.
Há manhãs de sol e de muita luz, que nos convidam a despertar sorrindo.
Há manhãs cinzentas, em que nuvens escuras e densas cobrem sem piedade os raios dourados do sol.
Há tardes em que o poente assume cores que nem mesmo os mais criativos pintores jamais arriscaram usar em seus trabalhos.
Há poentes em que a garoa fina domina a paisagem, ocultando, em meio à bruma, até mesmo as árvores mais próximas.
Há noites sem luar, quando as sombras invadem nosso olhar e as estrelas distantes parecem senhoras de um brilho ainda mais intenso.
Há dias de sol e há dias de chuva.
Assim também são os momentos de nossas vidas.
Nenhum minuto repete minutos anteriores.
Nenhum dia é igual a outro que já vivemos, tampouco será idêntico a algum que ainda vamos viver.
A vida é feita de experiências únicas que, somadas, criam o arcabouço de nossa história.
Há momentos de alegria e momentos de dor.
Há conquistas que nos felicitam.
Há perdas que nos dilaceram.
Tudo que vivemos e aprendemos integra nossas existências e forma o ser que somos ou que um dia seremos.
É evidente que nem todos os momentos são fáceis.
Há dificuldades que nos parecem intransponíveis e dores infinitas.
Nesses momentos o desalento deita sobre nós o peso do sofrimento e da angústia.
Curvamo-nos, incapazes de olhar o horizonte, e só vislumbramos as pedras do caminho.
Não somos capazes de perceber a luz do sol que brilha acima das nuvens.
Tampouco notamos a beleza das flores que emolduram a nossa estrada.
Nessas ocasiões, lembremo-nos de contar as bênçãos recebidas.
Enumeremos as dádivas que iluminam nossos dias.
São tantas!
O corpo físico, instrumento bendito que nos possibilita mais essa jornada terrestre;
A família, composta por amores do passado e do presente, oportunizando-nos reconciliação e crescimento conjunto;
Os amigos, presenças que nos fortalecem e animam nas mais variadas situações;
O trabalho, fonte de recursos materiais a sustentar-nos e engrandecer-nos;
A mensagem do Cristo, guiando nossos passos por trilhas de luz, consolando-nos sempre.
A natureza exuberante, prova inequívoca da existência e da presença de Deus em nossos dias.
Pense nisso!
Não deixe que as adversidades ocultem de seus olhos as bênçãos que a vida lhe concede.
Se a saúde lhe falta, se os amores se afastaram, ou se os recursos materiais se mostram escassos, não se entregue ao desespero.
São apenas dias de chuva a preceder manhãs de sol.
São situações passageiras e necessárias para o aprendizado do espírito.
Valorize o que de bom você já conquistou.
As verdadeiras riquezas não são consumíveis pelo tempo, nem podem ser corroídas pela inveja alheia.
Ao contrário, elas integram e integrarão, para sempre, a essência de cada ser, completando-o.
Conte as bênçãos que já lhe chegaram às mãos e que hão de fazer parte da sua existência.
Levante os olhos, seque as lágrimas e prossiga sempre.
(Desc. Autor)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Experiência...


Já fiz cócegas na minha irmã só para que deixasse de chorar,
Já me queimei brincando com uma vela,
Já fiz uma bola com o chiclete que me colou na cara toda,
Já falei com o espelho,
Já fingi ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista;
Já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora;
Já estive sob o chuveiro até fazer xixi.

Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela onde foi cozido o doce,
Já me cortei fazendo barba muito apressado,
Já chorei ao escutar determinada música no carro.

Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.

Já subi às escondidas até o terraço para tentar agarrar estrelas,
Já subi na árvore para roubar fruta,
Já caí da escada.

Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei no chuveiro,
Já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.

Já corri para não ver alguém a chorar,
Já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo falta de uma única.

Já vi o pôr-do-sol mudar de rosado ao alaranjado,
Já mergulhei na piscina e não quis sair mais,
Já tomei whisky até sentir meus lábios dormentes,
Já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.

Já senti medo da escuridão,
Já tremi de nervos,
Já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial,
Já acordei no meio do noite e senti medo de levantar.

Já apostei corrida descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num jardim,
Já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um "para sempre" pela metade.

Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua;
Já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.

Foram tantas coisas que fiz, tantos momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...

Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:

"- Qual a sua Experiência?"

Essa pergunta fez eco no meu cérebro... "Experiência...Experiência..."
Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:

"Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"

Desconheço o autor mas este texto foi escrito por um candidato, numa seleção de Pessoal em uma grande empresa.
O candidato foi aceito e este texto circula pela internet, mostrando criatividade e sensibilidade.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sobre a árvore de natal...


Um símbolo da vida, a árvore de natal é uma tradição muito mais antiga do que o Cristianismo e não é um costume exclusivo de nenhuma religião em particular. Muito antes da tradição de comemorar o Natal, os egípcios já levavam galhos de palmeiras para dentro de suas casas no dia mais curto do ano, em Dezembro, simbolizando o triunfo da vida sobre a morte.

Os romanos já enfeitavam suas casas com pinheiros durante a Saturnália, um festival de inverno em homenagem a Saturno, o deus da agricultura. Nesta época, religiosos também enfeitavam árvores de carvalho com maçãs douradas para as festividades do Solstício de Inverno.

A primeira referência à árvore de natal como a conhecemos hoje data do século XVI. Em Strasbourg, Alemanha (hoje território francês), tanto famílias pobres quanto ricas decoravam pinheirinhos de natal com papéis coloridos, frutas e doces. A tradição espalhou-se, então, por toda a Europa e chegou aos Estados Unidos no início de 1800.

De lá pra cá, a popularidade da árvore de natal só cresceu. A lenda conta que o pinheiro foi escolhido como símbolo do natal por causa da sua forma triangular, que de acordo com a tradição cristã, representa a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Na Europa, uma das tradições natalinas consiste em decorar um pinheiro com maçãs, doces e pequenos wafers brancos, representando a eucaristia. A Árvore do Paraíso, como é chamada, era o símbolo da festa de Adão e Eva, que acontecia no dia 24 de Dezembro, muito antes da tradição cristã do Natal. Hoje, a árvore não só representa o Paraíso como no início da tradição, mas também a salvação.

Segundo uma antiga tradição alemã, a decoração de uma árvore de natal deve incluir 12 ornamentos para garantir a felicidade de um lar:

Casa: proteção
Coelho: esperança
Xícara: hospitalidade
Pássaro: alegria
Rosa: afeição
Cesta de frutas: generosidade
Peixe: benção de Cristo
Pinha: fartura
Papai Noel: bondade
Cesta de flores: bons desejos
Coração: amor verdadeiro

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pensar é Transgredir...


Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos... para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo!
Então é isso, então é assim...
Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece.
Porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar... isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência.. isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui.
Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante... "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tv ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto... como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades.
Cada porta, uma escolha... muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca.
Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar... reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos!
Buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar... quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho.
É sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender... somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual.
É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história.
O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se.
A vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada.
Conscientemente executada.
Muitas vezes, ousada.
Parece fácil... "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado... e amar... e amar-se.
Ter esperança... qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez.
Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim.
Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar... porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena.
Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

(Lya Luft)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Talvez...


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

(Pablo Neruda)