terça-feira, 14 de julho de 2009

Herbert José de Souza - Betinho...


Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, (1935/1997) foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida.

Nasceu no norte de Minas Gerais e, como seus irmãos Henfil e Chico Mário, herdou da mãe a hemofilia, e desde a infância sofreu com outros problemas, como a tuberculose. "Eu nasci para o desastre, porém com sorte" - costumava dizer.

Foi criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o pai trabalhava. Mas sua formação teve grande influência dos padres dominicanos, com os quais travou contato na década de 1950. Integrou a JEC (Juventude Estudantil Católica), a JUC (Juventude Universitária Católica) e, em 1962, fundou a AP (Ação Popular), da qual foi o primeiro coordenador.

Concluiu seus estudos universitários em Sociologia, no ano de 1962). Durante o governo de João Goulart assessorou o MEC - chefiou a Assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos - e defendeu as "reformas de base", sobretudo a reforma agrária.

Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais, porém. Com o aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile, em 1971. Lá assessorou Salvador Allende, até sua deposição, em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha. Posteriormente morou no Canadá e no México. Durante esse período foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia - que ele julgava ser incompatível com o sistema capitalista.

Foi citado como "o irmão do Henfil", que se encontrava no exílio, na canção "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, gravada por Elis Regina à época da Campanha pela Anistia aos presos e exilados políticos. Anistiado em 1979, voltou ao Brasil, onde passou a se dedicar à luta pela reforma agrária, sendo um de seus principais articuladores. Nesse sentido conseguiu reunir, em 1990, milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em manifestação pela causa.

Em 1981, junto com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas.

Em 1986 Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Dois dos seus irmãos, Henfil e Chico Mário, morreram em 1988 por conseqüência da mesma doença.

Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do Presidente da República Fernando Collor. Mas o projeto pelo qual se imortalizou foi, provavelmente, a Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida, movimento em favor dos pobres e excluídos.

Morreu em 1997, já bastante debilitado pela AIDS. Deixou dois filhos: Daniel e Henrique.

Livros publicados

Estreitos Nós (crônicas).
Em Defesa do Interesse Nacional (coletânea de textos de vários autores, incluindo Barbosa Lima Sobrinho e Fernando Henrique Cardoso).
No Fio da Navalha(biografia).
A Cura da Aids (ensaios sobre AIDS e Politica de Saude).
Ética e Cidadania(entrevista).
A Lista de Alice (crônicas).
O Estado e o Desenvolvimento Capitalista no Brasil (em co-autoria com Carlos A. Afonso).
A zeropéia (infanto-juvenil).
A Centopéia que Pensava (infanto-juvenil).
A Centopéia Que Sonhava (infanto-juvenil).

Quem nunca sonhou poder voar como um pássaro? Ou nadar como um peixe? Que maravilhoso seria cantar como um sabiá! Dona Centopéia sonhava fazer tudo isso, mas tinha as suas limitações, como todas as pessoas e bichos. No livro, "A Centopéia Que Sonhava", Betinho nos mostra que, sozinhos, podemos muito pouco, mas quando nos ajudamos uns aos outros, conseguimos realizar nossos sonhos. Não é difícil imaginar o porquê de tanta sensibilidade para falar de sonhos compartilhados. Betinho nunca sonhava sozinho.

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