Falecimento do Padre Anchieta, considerado o primeiro diplomata do Brasil por sua ação com os indígenas. E para São Paulo (e o Brasil): Padre Anchieta participou da fundação, no planalto de Piratininga, do Colégio de São Paulo, do qual foi regente, embrião da cidade de São Paulo. "São Paulo nasceu onde hoje é o Páteo do Colégio."
B I O G R A F I A
Nasceu na ilha de Tenerife, uma das ilhas Canárias dominadas pela Espanha no final do século XV, a 19 de março de 1534, dia de São José, motivo de seu nome. Filho de próspera família, tendo por pais Juan de Anchieta e Mência de Clavijo y Llarena, teve a oportunidade de estudar desde a mais tenra idade, provavelmente com os dominicanos. Aos quatorze anos iniciou seus estudos em Coimbra, no renomado Colégio de Artes, orgulho do rei Dom João III.
Lá recebeu uma educação renascentista, principalmente filológica e literária. Com 17 anos de idade ingressou na Companhia de Jesus, ordem fundada por Inácio de Loyola em 1539 e aprovada por meio da bula Regimini Militantis Eclesiae em 1540, pelo papa Paulo III. No ano de 1553, no final de seu noviciado, fez seus primeiros votos como jesuíta. Assim, acabavam seus temores de não poder permanecer na Ordem por ter sido acometido de uma doença ósteo-articular logo após seu ingresso. Aconselhado pelos médicos de que os ares do Novo Mundo seriam benéficos para sua recuperação, foi enviado em missão para o domínio português na América.
Veio ao Brasil com a segunda leva de jesuítas, junto com a esquadra de Duarte da Costa, segundo governador-geral do Brasil. Em 1554 participou da fundação do colégio da vila de São Paulo de Piratininga, núcleo da futura cidade que receberia o nome de São Paulo, onde também foi professor. Exerceu o cargo de provincial entre os anos de 1577 a 1587. Escreveu cartas, sermões, poesias, a gramática da língua mais falada na costa brasileira (o tupi) e peças de teatro, tendo sido o representante do Teatro Jesuítico no Brasil.
Sua obra pode ser considerada como a primeira manifestação literária em terras brasileiras. Contribuiu, dessa maneira, para a formação do que viria a ser a cultura brasileira. De toda a sua obra, destacam-se a Gramática da língua mais falada na costa do Brasil, De Gestis Mendi de Saa, Poema da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, Teatro de Anchieta e Cartas de Anchieta. A coleção de Obras Completas do Pe. José de Anchieta é dividida sob três temáticas: poesia, prosa e obras sobre Anchieta; a publicação prevê um total de 17 volumes.José de Anchieta faleceu na cidade de Reritiba (atual Anchieta) na Capitania do Espírito Santo, em 9 de junho de 1597. Graças ao seu papel ativo no primeiro século de colonização do Brasil, José de Anchieta ganhou vários títulos, tais como: “apóstolo do Novo Mundo”, “fundador da cidade de São Paulo”, “curador de almas e corpos”, “carismático”, “santo”, entre outros. Assim, teve uma imagem construída de maneira heroicizada por seus biógrafos, já nos anos que se seguiram à sua morte.
As três primeiras biografias escritas em língua portuguesa foram: Breve relação da vida e morte do Padre José de Anchieta, de Quirício Caxa (1988), escrita em 1598, um ano após a morte de Anchieta, Vida do Padre José de Anchieta da Companhia de Jesus, escrita em 1607 por Pero Rodrigues (1988) e Vida do Venerável Padre José de Anchieta, de Simão de Vasconcelos(1953), escrita em 1672. As obras coevas, escritas por padres jesuítas, serviram ao longo processo que levou à beatificação de Anchieta em 1980.
Uma biografia contemporânea deve ser consultada: Anchieta, o apóstolo do Brasil, de Hélio Abranches Viotti (1980). Os dois maiores estudiosos de Anchieta foram os padres jesuítas Armando Cardoso (1997) e Murillo Moutinho (1999). Este último publicou uma obra imprescindível para os estudos sobre o jesuíta: Bibliografia para o IV Centenário da Morte do Beato José de Anchieta: 1597-1997.
Junto com outros padres que, em oposição à Contra-Reforma, tinham a catequese como objetivo. Este movimento influenciou o teatro e a poesia, e acabou resultando na melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Das suas contribuições culturais para o nosso país, podemos citar as poesias em verso medieval (destaque: Poema à Virgem), os que misturavam características religiosas e indigenas, a primeira gramática do tupi-guarani (a cartilha dos nativos), além da fundação de um colégio.
De acordo com o crítico Eduardo Portella, o trabalho de José de Anchieta deve ser entendido como uma manifestação da cultura medieval no Brasil, por conta de sua poesia simples e didática, da métrica e do ritmo por ele usados. Além de Auto da Pregação Universal, Anchieta é considerado como sendo o autor de Na Festa de São Lourenço, também chamada de Mistério de Jesus e de outros autos.
Fonte: www.histedbr.fae.unicamp.br - Parte do Conteúdo elaborado por Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, Flávio Massami Martins Ruckstadter e Vanessa Campos Mariano Ruckstadter para o site: http://www.sampa.art.br/biografias/padreanchieta/
C U L T U R A
Museu Anchieta
O Museu Anchieta está localizado na praça do Pátio do Colégio, no centro de São Paulo. Reúne todo o histórico da vida do padre Anchieta. Há uma maquete que mostra a antiga cidade de São Paulo, cercada por taipas e pelos rios da época. No pátio, há uma parede histórica, de quase 500 anos, feita de barro e óleo de baleia pelo padre Afonso Brás. Ponto do Planalto Paulista escolhido pelos Jesuítas, para fundação da cidade destinada a ser a segunda maior do mundo e primeira a nascer de um Colégio. Marco do início da cidade, fundado em 1554 pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, que ali ergueram sua primeira capela, reconstruída de uma que existiu no século XVIII, próximo a ela está o Museu de Anchieta, onde encontram-se utensílios de uso diário da época e trabalhos preciosos da arte sacra. No interior do pátio do museu encontram-se paredes originais da construção que foram mantidas para estudo.
Para saber mais:
Página da Wikipédia sobre o Padre Anchieta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Anchieta
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