Na ilha por vezes habitada do que somos,
há noites,manhãs e madrugadas
em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente
e entra em nós uma grande serenidade,
e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra
e apertamo-la nas mãos.
Com doçura...
Aí se contém toda a verdade suportável:
o contorno, a vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres,
com a paz e o sorriso de quem se reconhece
e viajou à roda do mundo infatigável,
porque mordeu a alma até ao sossos dela.
Libertemos devagar a terra
onde acontecem milagres como a água,
a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
(José Saramago)
Um comentário:
Obrigada pela visita e comentário
Que deixou no meu blogger apareça sempre
Abraços e um lindo dia
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