quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Michelangelo

Michelangelo di Ludovico Buonarroti Simoni ("Caprese , 6 de Março de 1475 — Roma, 18 de Fevereiro de 1564) foi pintor, escultor, poeta e arquiteto renascentista italiano.
Apesar de ter feito poucas atividades além das artes, sua versatilidade em vários campos fez com que rivalizasse com Leonardo da Vinci no título de ícone da Renascença. Michelangelo foi genial em vários campos e, além disso, também recebeu tarefas diplomáticas. Duas biografias foram escritas sobre ele ainda em vida (uma de Giorgio Vasari).
Duas de suas mais famosas obras (a Pietà e o David) foram realizadas antes de seus trinta anos. Apesar de sua pouca afeição à pintura, criou duas obras históricas: as cenas do Gênesis, no teto da Capela Sisitina, e o O Juízo Final, também no mesmo local. Projetou também a cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma. Entre suas outras esculturas, contam-se a também a Virgem, o Baco, o Moisés, a Raquel, a Léa e membros da família Médici.

Michelangelo nasceu em Caprese, perto de Arezzo, na Toscana, o segundo de cinco filhos. Seu pai, Ludovico, quando residente em Caprese, era um magistrado. Michelangelo cresceu em Florença e mais tarde viveu com um escultor e sua esposa na localidade florentina de Settignano, onde seu pai tinha uma mina de mármore e uma pequena fazenda.
Contra a vontade de seu pai, o canhoto Michelangelo escolheu ser aprendiz de Domenico Ghirlandaio por três anos começando em 1488. Também foi aprendiz, na escultura, de Bertoldo di Giovanni. Impressionado com a técnica de Michelangelo, Ghirlandaio recomendou-o para Florença para estudar com Lourenço de Médici. De 1490 a 1492, Michelangelo freqüentou a escola de Lourenço e durante sua estada, seria influenciado por muitas pessoas proeminentes, e pela filosofia platônica da época, que modificariam e expandiriam suas idéias na arte e ainda seus sentimentos sobre sexualidade.
Foi durante este período que Michelangelo criou dois relevos: a Batalha de Centauros e a Madonna da Escada. A primeira obra foi baseada em um tema sugerido por Poliziano e encomendada por Lourenço de Médici. Após sua morte, Michelangelo deixou a corte dos Medici. Nos meses seguintes, produziu um crucifixo de madeira para o pároco da Igreja de Santa Maria del Santo Spirito, que tinha o deixado estudar anatomia a partir de alguns cadáveres do hospital da Igreja.
Pedro de Médici, filho mais velho de Lourenço de Médici, recusou-se a financiar o trabalho artístico de Michelangelo. Também nessa época, as idéias de Savonarola tornaram-se populares em Florença. Sob tais pressões, Michelangelo decide sair definitivamente de Florença e vai para Bolonha por três anos. Logo depois, o Cardeal San Giorgio compra a obra de Michelangelo em mármore Cupido e decide chamá-lo a Roma em 1496. Influenciado pela antiguidade de Roma, ele produz Baco e a Pietà. A Pietà foi uma encomenda do embaixador francês na Santa Sé. Apesar de praticamente se dedicar à escultura, Michelangelo nunca deixou de desenhar, ele desenhava por prazer de desenhar.


David de Michelangelo

Quatro anos mais tarde, Michelangelo retornou a Florença, onde produziu seu mais famoso trabalho: David.
A cidade, na época, estava mudando, após a queda de Savonarola e a ascensão de Pier Soderini. O David foi uma encomenda da Guilda de Lã da cidade. Era, originalmente, um trabalho incompleto, iniciado quarenta anos antes por Agostino di Duccio. O David deveria ser o símbolo da liberdade de Florença e seria colocado na Piazza della Signoria, na frente do Palazzo Vecchio. A obra foi concluída em 1504. Essa obra-prima, feita em mármore de Carrara, colocou-o definitivamente como um escultor de extraordinária técnica e habilidade. Na época, também pintou a Sagrada Família da Tribuna, agora na Galeria Uffizi. Michelangelo era considerado um artista renascentista porque em todas suas obras, ele representava somente figuras do homem.


A Capela Sistina

Michelangelo foi convocado novamente a Roma em 1503 pelo recém-designado Papa Júlio II e foi comissionado para construir a tumba papal. Entretanto, durante a patronagem de Júlio II, Michelangelo tinha constantemente que interromper seu trabalho para fazer outras numerosas tarefas. Por essa e outras interrupções, Michelangelo trabalharia na tumba por quarenta anos sem nunca a terminar.
A mais famosa das tarefas foi a pintura monumental do teto da Capela Sisitina no Vaticano, que levou quatro anos para ser feita (1508 – 1512). Michelangelo originalmente deveria pintar os 12 Apóstolos, mas protestou e pediu uma tarefa mais audaciosa: um esquema que representasse a Criação, a Queda do Homem e a Promessa da Salvação. O trabalho faz parte de uma decoração muito mais complexa que, em conjunto, representa toda a doutrina da Igreja Católica.
A composição contém 300 figuras e se centra nos episódios do livro do Genesis, divididos em três grupos: a Criação da Terra por Deus, a Criação da Humanidade e sua queda e, por fim, a Humanidade representada por Noé. Entre os afrescos mais famosos estão:


A Criação de Adão







O Fruto Proibido







O Juízo Final












A Pietà

Em 1513, o Papa Júlio II morreu, e seu sucessor, o Papa Leão X, um Médici, pediu que Michelangelo reconstruísse o interior da Igreja de São Lourenço, em Florença, e a adornasse com esculturas. Michelangelo relutantemente aceitou, mas foi incapaz de terminar a tarefa (o exterior da igreja ainda não está adornado até hoje).
Em 1526, os cidadãos de Florença, encorajados pelo saque de Roma, expulsaram os Médici e restauraram a república. Michelangelo voltou para sua amada Florença para ajudar a construir as fortificações da cidade de 1528 a 1529. A cidade caiu em 1530 e os Médici voltaram ao poder.


De novo em Roma

A pintura de O Juízo Final, na janela do Altar da capela Sistina foi comissionada pelo Papa Paulo III, e Michelangelo trabalhou nela de 1534 a 1541. O trabalho é grandioso e toma uma parede inteira atrás do altar da Capela Sistina. O Juízo Final é uma representação da segunda vinda de Cristo e do apocalipse, quando as almas da humanidade seriam levadas a seu destino final e julgadas por Cristo, rodeado de santos.
Uma vez concluída, as representações de nudez na própria Capela foram consideradas obscenas e um sacrilégio. Após a morte de Michelangelo, decidiu-se obscurecer os órgãos, o que foi feito por um aprendiz de Michelangelo, Daniele da Volterra. Quando o trabalho foi restaurado em 1993, decidiu-se deixar algumas das figuras ainda cobertas, como documentos históricos. A censura sempre perseguiu Michelangelo, que às vezes era chamado de "inventor delle porcherie" ("inventor das obscenidades").
Em 1547, Michelangelo foi apontado como arquiteto da Basílica de São Pedro no Vaticano. Anos mais tarde, em 18 de Fevereiro de 1564, Michelangelo morre em Roma aos 88 anos de idade.


Legado

Michelangelo, muitas vezes arrogante com os outros e constantemente insatisfeito com ele mesmo, via a arte como originada da inspiração interna e da cultura. Via a natureza como uma inimiga que tinha de ser superada. Suas figuras são dinâmicas. Para ele, a missão do escultor era libertar as formas que estavam dentro da pedra. Conta-se que após Michelangelo ter executado sua estátua Moisés, bateu violentamente com o martelo no joelho da obra e gritou: Porque não falas? (Perché non parli).
Na vida pessoal, Michelangelo era abstêmio. Era indiferente à bebida e à comida. Era uma pessoa solitária e melancólica.
Para além da pintura e da escultura, Michelangelo deixou também cerca de trezentos poemas em italiano vernáculo, que escreveu entre 1501 e 1560. Os seus poemas são marcados por uma forte carga homerótica. Porém, esta foi alterada na primeira edição da sua poesia, em 1623, publicada pelo seu sobrinho Michelangelo, o Jovem. Em 1893, John Addington Symonds traduziu os poemas originais para inglês.
Fundamental para a arte de Michelangelo era sua paixão pela beleza masculina, que o atraía de modo emocional e estético. Era, em parte, uma expressão da idealização renascentista do corpo humano. Mas, para Michelangelo, há uma resposta única a essa estética. Tais sentimentos o faziam sentir uma profunda angústia, uma contradição entre a filosofia platônica e o sentimento carnal.



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