segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Leonardo Da Vinci

Leonardo di ser Piero da Vinci (Anchiano), 15 de Abril (Calendário Juliano) ou 25 de Abril (Calendário Gregoriano) de 1452 — Cloux, Amboise, 2 de Maio de 1519) foi um pintor, matemático, escultor, arquiteto, físico, escritor, engenheiro, poeta, cientista, botânico e músico do Renascimento italiano. É considerado um dos maiores gênios da história da Humanidade, embora não tivesse nenhuma formação na maioria dessas áreas, como na engenharia e na arquitetura. Não tinha propriamente um sobrenome, sendo "di ser Piero" uma relação ao seu pai, "Messer Piero" (algo como Sr. Pedro), e "da Vinci", uma relação ao lugar de origem de sua família, significando "vindo de Vinci" .

Nascido numa pequena localidade de Anchiano próximo da município toscano de Vinci, Leonardo era filho ilegítimo de Piero da Vinci, um jovem notário e de Caterina. A mãe de Leonardo era provavelmente uma camponesa, embora seja sugerido, com poucas evidências, que ela era uma escrava judia oriunda do Oriente Médio comprada por Piero. O próprio Leonardo da Vinci assinava seus trabalhos simplesmente como Leonardo ou Io Leonardo. A maioria das autoridades refere-se aos seus trabalhos como Leonardos e não da Vincis. Presume-se que ele não usou o nome do pai por causa do estado ilegítimo.

Leonardo da Vinci é considerado por vários o maior gênio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade, além de suas obras polêmicas. Num estudo realizado por Catherine Cox em 1926 seu QI foi estimado em cerca de 180. Outras fontes mais precisas mencionam valores entre 220e 250.

Na adolescência, Leonardo foi fortemente influenciado por duas grandes personalidades da época, Lorenzo de Médici e o grande artista Andrea del Verrocchio . Leonardo viveu em plena Renascença, nos séculos XV e XVI, e expressa melhor do que qualquer outro o espírito daquele tempo. Ao contrário do homem medieval, que via em Deus a razão de todas as coisas, os renascentistas acreditavam no poder humano de julgar, de criar e construir. Por isso a Renascença também é conhecida como a época do Humanismo e se caracteriza por enormes progressos nas artes, nas leis e nas ciências.

Suas obras mais conhecidas são o afresco A Última Ceia, pintado diretamente no refeitório da Igreja Santa Maria delle Grazie, em Milão, e o Retrato de uma modelo desconhecida, a La Gioconda (mais conhecida como a Mona Lisa), que ele demorou provavelmente três anos para terminar.
Prestando atenção, pode-se perceber em várias imagens um efeito característico da pintura de Leonardo: a delicada passagem de luz para a sombra, quando um tom mais claro mergulha em outro mais escuro, como dois belos acordes musicais. Esse procedimento recebe o nome de sfumato (esfumado, em português).

Lorenzo de Médici, um grande humanista e comunicador, inspirou Leonardo na parte da comunicação, fazendo com que começasse a fazer seus quadros mais “parlanti”, com maior animação gestual, o que o levou a se tornar mestre nesta arte. Em toda sua obra pode-se notar a iconografia das figuras ou personagens de seus quadros.

Em 1466, com quatorze anos, Leonardo mudou-se para Florença, e iniciou seu aprendizado no ateliê de Verrocchio. O artista, de grande prestígio da época, ensinou-lhe toda a base que mais tarde o levaria a se tornar um grande pintor. Leonardo também aprendeu escultura, arquitetura, óptica, perspectiva, música e até botânica.

Em 1472, com vinte anos, já era membro do grêmio dos pintores florentinos (Corporação de São Lucas) e a sua carreira começa a ficar independente do mestre Verrocchio. As pessoas da corte fazem encomendas directamente a Leonardo.

Em 1476, Leonardo da Vinci juntamente com mais três alunos do ateliê de Andrea del Verrocchio foram acusados de sodomia, segundo a acusação referente a Leonardo, teria ele tido relações homossexuais com um modelo de Florença muito popular mas, faltaram provas concretas que confirmassem semelhante acusação; então Leonardo é absolvido de toda e qualquer acusação possível.

Em 1482, Leonardo da Vinci trabalhou para Ludovico Sforza, Duque de Milão e manteve o próprio seminário com aprendizes. Foram usadas setenta toneladas de bronze que tinha sido colocado à disposição de Da Vinci para o Grande Cavalo, estátua de um cavalo, em armas pelo duque em uma tentativa de salvar Milão de ser subjugada pelo francês Carlos VIII em 1495.

Em 1498, Milão caiu sem uma batalha para o francês Luís XII. Da Vinci ficou em Milão durante algum tempo até que viu arqueiros franceses usando seu modelo de cavalo de barro em tamanho natural para o Grande Cavalo como alvo para treinamento partindo logo com o amigo Luca Pacioli para Mântua, mudando depois de dois meses para Veneza e se mudando novamente então para Florença no final de Abril de 1500.

Em 1502, ele ficou a serviço de César Bórgia (também chamado de Duque de Valentino e filho do Papa Alexandre VI) como arquitecto militar e engenheiro, nesse mesmo ano ambos viajaram pelo norte da Itália, é nessa viagem que Leonardo conhece Nicolau Maquiavel; no final do mesmo ano retorna novamente a Florença, onde recebe a encomenda de um retrato: a Mona Lisa.

Em 1506, voltou a Milão, então nas mãos de Maximiliano Sforza depois de mercenários suíços expulsarem os franceses.

De 1513 a 1516 morou em Roma, onde os pintores Rafael e Michelangelo eram, na ocasião, muito requisitados; porém, Da Vinci não teve muito contacto com estes artistas.

Em 1515 Francisco I da França retorna a Milão, e Da Vinci foi designado para fazer a peça central de um leão mecânico para as negociações de paz em Bolonha entre o rei francês e o Papa Leão X, onde provavelmente conheceu o rei.

Em 1516 ficou a serviço de Francisco I como primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do Rei. Foi dado a ele o uso do Castelo Clos Lucé, próximo ao Castelo de Amboise, residência do Rei, junto com uma pensão generosa. Da Vinci e o Rei ficaram bons amigos.

Morreu em Cloux, França, e de acordo com o seu desejo, sessenta mendigos seguiram seu caixão. Leonardo da Vinci foi enterrado na Capela de São Hubert no Castelo de Amboise.

O Gênio

“De tempos em tempos, o Céu nos envia alguém que não é apenas humano, mas também divino, de modo que através de seu espírito e da superioridade de sua inteligência, possamos atingir o Céu.”
(Giorgio Vasari)


Leonardo sempre foi tido como um ser misterioso, devido aos muitos talentos que possuía; a sua capacidade e conhecimento em muitas áreas proclamaram-no como um dos Maiores gênios da humanidade.

Leonardo sabia que se os seus manuscritos fossem descobertos pela igreja, haveria grandes possibilidades de ser considerado herege (devido a conteúdos científicos considerados como feitiçaria pela mesma), e assim teria como castigo um final terrível, daí a idéia de escrever da direita para a esquerda (inverso da escrita), de modo que, somente mediante um espelho, seus manuscritos fossem decifrados. Outro método de transmitir mensagens para gerações futuras, que acreditava ele que estariam muito desenvolvidas (devido ao progresso racional dos seres humanos), foi a pintura; através desta Arte com ajuda do simbolismo, deixava mensagens muito comprometedoras, de tal modo que, mudaria talvez a convicção de pensar do homem. Ao mesmo tempo em que uma obra por ele pintada esconde um segredo, o também revela (ou vice-versa), um bom exemplo, é a Madona das Rochas, citada no Livro O Código Da Vinci, de Dan Brown.

O impossível de se imaginar, é como um homem que viveu em cerca de quinhentos anos atrás, fosse desenvolver teorias e técnicas em tantas áreas, desde a pintura, até mesmo a ciências modernas. Provavelmente o seu perfeccionismo em cada pintura, é um dos motivos por este possuir autoria de tão poucas obras; outro possível motivo é que algumas de seus quadros se perderam com o tempo (sendo roubados ou até mesmo destruídos), devido a sua maneira polêmica de retratar, desde cenas religiosas, até mesmo retratos, sendo um deles a Mona Lisa.

Alguns historiadores e especialistas concluem que Leonardo gostava muito de distorcer coisas como em um quebra-cabeça. Muitos acham que sua escrita invertida era um código e protegia seus esboços contra espiões. Segundo Bruce Peterson, da RYP Australia Major Projects, Leonardo da Vinci escrevia assim porque era canhoto e não queria borrar os textos que criava febrilmente. Já historiadores acreditam que esta escrita era um sinal de que Leonardo da Vinci tinha dislexia, pois escrevia de forma embaralhada e ás vezes gostava de formar anagramas.
Na sua pintura Ginevra de' Benci, a mulher está posada diante um junípero. Na época o junípero era símbolo de castidade. Leonardo acabou incluindo mais uma referência. Em italiano a palavra junípero significa ginevra.

Uma de suas pinturas faz um anagrama, Mona Lisa, que vira Amon L'Isa ou Man An Oil (Homem em Forma de Óleo), mas essa hipótese é improvável, já que como iria criar anagramas de línguas distante do alcance de Leonardo (e particularmente Leonardo não tinha interesse em línguas).

Arquitetura militar

Durante seu período em Milão com Francesco Sforza, ele projetou vários prédios com armas de guerra e reforços. Ele tinha habilidade para arquitectura militar e por isso ficou famoso entre os Sforza.

Entre seus mais formidáveis projetos militares está uma escada para uso numa torre fortificada. O projeto incluía quatro rampas independentes de outras. Assim, os soldados podiam subir e descer de 4 andares sem esbarar em grupos de soldados que iam em direção contrária.

Em 1502, Leonardo projetou um fosso interessante. Ele escondeu uma torre cilíndrica debaixo d'água com um teto levemente inclinado que saía um pouco da superfície da água. Os defensores que estivessem dentro da torre poderiam disparar suas armas através da superfície da água. Feno molhado cobria o teto da torre contra os danos causados pelos disparos.
Leonardo projetou também um castelo com sistema triplo de segurança. Um dos cantos dessa construção tinha duas fortificações: a primeira estendia-se até o canto do forte e a outra estendia-se sobre parte da parede externa.


"Quando ouvimos os sinos, ouvimos aquilo que já trazemos em nós mesmos como modelo. Sou da opinião que não se deverá desprezar aquele que olhar atentamente para as manchas da parede, para os carvões sobre a grelha, para as nuvens, ou para a correnteza da água, descobrindo, assim, coisas maravilhosas. O gênio do pintor há-de se apossar de todas essas coisas para criar composições diversas: luta de homens e de animais, paisagens, monstros, demônios e outras coisas fantásticas. Tudo, enfim, servirá para engrandecer o artista."
(Leonardo da Vinci)


Apesar do recente interesse e admiração por Leonardo como cientista, observador e inventor, durante mais de quatrocentos anos a fama do pintor apoiou-se nos seus arquivos como artista, nos seus esboços e nas sua grandiosas pinturas, sendo identificado como o autor da obra-prima da pintura mais célebre jamais criada. O nome de Leonardo, devido grandemente à fama intemporal de Mona Lisa, goza do estatuto de ser um dos mais célebres da arte.

Esta pintura, em particular, é famosa pela variedade de qualidades cujos apreciadores, nomeadamente estudantes e outros artistas, imitam e reproduzem e entre críticos e connoisseurs a pintura é uma das mais discutidas. Desfruta do estatuto de ser a obra de arte mais reproduzida da História. O que torna o trabalho de Leonardo único são as suas inovadoras técnicas que expressou nas suas pinturas, da sua impressionante gradação tonal, a subtileza do exercício compositivo do tema, o seu detalhado conhecimento anatómico, o exercício lumínico, o detalhe físico da natureza, expresso na representação de plantas, entre outras coisas, o seu interesse na fisionomia e os seus incríveis e minuciosos registos da emotividade, da expressividade e da gesticulação humana.

Intelectual humanista, Da Vinci nunca voltava ao passado; inovava simplesmente. Cada pintura conhecida sua, cronologicamente, regista sempre mais inovações que tornam o motivo representado cada vez mais real e emotivo. Todas estas subtis qualidades resultaram em trabalhos como Mona Lisa, A Última Ceia e A Virgem das Rochas.

A Última Ceia (L'ultima cena ou Cenacolo, em Milão) é uma das mais conhecidas pinturas atribuídas a da Vinci, exposta no refeitório Convento de Santa Maria delle Grazie e tema central da obra O Código da Vinci de Dan Brown.

Em Milão assim como a Mona Lisa (também conhecida como La Gioconda, exposta no museu do Louvre, em Paris). Somente algumas de suas pinturas, e nenhuma das esculturas levadas a cabo pelo autor italiano, existem actualmente. Da Vinci planejou freqüentemente pinturas grandiosas com muitos desenhos e esboços, deixando os projetos inacabados. Hoje esses esboços integram o espólio dos mais conceituados museus mundiais, e testemunham uma inteligência genial.

Da Vinci passou muitos anos planejando o modelo de uma monumental escultura de sete metros de um cavalo em bronze (o Gran Cavallo ou Grande Cavalo), para ser erguido em Milão. Por causa de guerra com a França, o projeto nunca foi concluído. Baseado em iniciativa privada, uma estátua semelhante foi feita em Nova York em 1999 que foi doada a Milão, sendo erguida no hipódromo de San Siro. O Museu da Caça em Limerick, na Irlanda tem um pequeno cavalo de bronze , possivelmente feito por um dos aprendizes de Leonardo, baseado nos esboços do original.

Anteriormente, em Florença, ele foi designado a fazer um grande mural público, a Batalha de Anghiari; e seu rival, Michelangelo, para pintar a parede oposta. Depois de produzir uma variedade fantástica de estudos em preparação para o trabalho, ele deixou a cidade, com o mural inacabado devido a dificuldades técnicas.

Primeiros trabalhos (pinturas da década de 1470).

Não muito longe de Empoli, nasceu, em 1452, Leonardo da Vinci, no seio de uma família cujas posses equivaliam à riqueza das famílias que hoje chamamos classe-média, instruída e altruísta. Jovem, Leonardo revelou desde cedo uma aptidão genial para o desenho, área em que, tecnicamente, mais se destacou, pelo menos na sua carreira prematura.

Segundo, Giorgio Vasari, sua família, amiga íntima da família de Andrea del Verrocchio, tinha um estreito contacto com a arte florentina. Ser Piero (Messer Piero), pai de Da Vinci, levou um dia alguns dos trabalhos de Leonardo ao atelier do pintor, questionando-o sobre o eventual talento de Leonardo e se valeria a pena investir no jovem. Verrocchio ficou espantado com a habilidade de Leonardo e prontamente aceitou o jovem no seu estúdio.

Os trabalhos prematuros de Leonardo resumiam-se, de facto, a desenhos, esboços a carvão, tinta nanquim ou aguada. Embora somente se conheça um retrato masculino a óleo na sua obra, o pintor explorou com ênfase o retrato da virilidade masculina, um interesse que se revela mesmo neste tempo de aprendiz. Um dos seus trabalhos mais intrigantes deste início de carreira é Retrato de Bernardo di Bandino Baroncelli executado, de 1479, já no estúdio de Verrocchio, a pena e tinta, mas é Guerreiro Antigo, realizado a caneta de aparo sobre papel preparado, que conclui o maior registo desenhado, realizado em 1472. O primeiro é o retrato do cadáver do assassino de Giuliano de Médicis, pendurado na janela do Palazzo del Capinano a 29 de Dezembro de 1479. Na inscrição no topo do papel, Leonardo descreve o vestuário do executado, incluindo as cores. Na margem inferior direita do trabalho aparece ainda uma cabeça. Referência notável para o seu trabalho é a facilidade e o domínio do traço, que revelaria mais tarde no pincel.

Por volta desta época, inicia uma série de estudos meticulosos que o levariam a concretizar no futuro trabalhos como Madonna del garofano ou A Anunciação. O estudo do planejamento das personagens das obras são um dos marcos do seu percurso artístico, concebidos com uma primazia notável. Baseando-se em esculturas ou modelos de madeira ou barro, cobertos por panejamentos e jóias - algo em voga, para não ter que pagar cortesãs para posarem para si - Leonardo desenvolveu as suas competências no desenho e sabendo-o bem, no seu Tratado de Pintura, aconselha os artistas a praticarem o desenho através do estudo de relevos e esculturas. Estes estudos, primeiramente postos em prática pelo artista, prepararam um génio sagaz e um mestre inconfundível. O humanista Paolo Giovio e o biógrafo de Da Vinci Giorgio Vasari referem constantemente nas suas obras, a perfeição do jovem artista nos seus desenhos, já no seu início como artista. Vasari refere mesmo que «os desenhos de Da Vinci são tão perfeitos e relatam tão incansável procura por novos detalhes, com um esforço de imaginação soberbo, que dificilmente os conseguem igualar.


Nesta época Leonardo desenvolveu um vitium (na acepção portuguesa, uma «obsessão») pela perfeição das obras e desenvolveu imensamente a sua técnica, que o levou a criar outras inéditas, como o sfumato (esfumado), hoje conhecido através da Mona Lisa. Tal exigência para consigo próprio levaria à inconclusão de diversos trabalhos, pois assim que os iniciava punha-os de lado, tal era a rapidez e eficácia com que aprendia novas técnicas.

Ao mesmo tempo em que realizava os seus famosos estudos de panejamento, Leonardo concretizou vários desenhos e estudos a partir da natureza. Estes são tipificados pelo trabalho que produziu ainda enquanto aprendiz, assim como uma das primeiras obras datadas constantes entre a colecção da Galeria dos Uffizi, actualmente. No canto superior de Paisagem do Arno aponta, na sua acostumada escrita invertida, «no dia de Santa Maria do Milagre da Neve, 5 de Agosto de 1473». Estudo a pena e tinta sobre um suporte preparatório quase invisível, mostra a vista sobre um vale com montes e escarpas de ambos os lados, abrindo no fundo uma escassa visibilidade do mar. A vista poderá ser do caminho entre Vinci e Pistoia e, provavelmente, terá sido esboçado a lápis ao ar livre in loco, e depois completada a pena e tinta no atelier. No início do século xx, Woldemar von Seidlitz compreendeu as fortificações de Papiano nas muralhas e torres numa colina à esquerda da composição. A importância deste desenho não se reflete só no facto de ter sido feito por Leonardo, mas sim, em figurar como um dos primeiros desenhos autónomos de paisagens de toda a História da Arte.

Estes estudos da natureza e de modelos vivos eram postos em prática nas suas obras pintadas, como em O Baptismo de Cristo, onde, conclusivamente, pintou o anjo que segura às vestimentas de Cristo. Porém, a figura do anjo é, de longe, muito melhor pintada que as figuras pintadas por Andrea del Verrocchio e Botticelli.

Entre os trabalhos iniciais de Leonardo encontra-se o O Batismo de Cristo, realizado em parceria com Botticelli e Verrocchio. Na verdade foi este último que pintou a maior parte da obra, sendo que Da Vinci só pintou um dos anjos da esquerda, parte da paisagem de matizes neblinosos e retocou o corpo de Jesus.

Deste tempo em que estudava e aprendia pintura no estúdio de Verrocchio, datam mais duas obras, todas elas retratando a A Anunciação. A primeira, uma obra grande (98 x 217cm) mas que antevia um génio plural, teve como base inspiradora Fra Angelico e Lorenzo di Credi, colega de atelier de Leonardo. O primeiro que bem conhecia o tema, pois o pintou várias vezes. A segunda é muito menor, 14 x 59 cm.

Nos anos em que Leonardo era somente um mero aprendiz, umas das suas fontes inspiradoras foram às pinturas de Fra Angelico, pautadas por um conhecimento rico da perspectiva e, ainda hoje, um dos mais célebres pintores italianos e a arte gótica dos flamengos.
Em ambas as pinturas, de ambos os autores, a Virgem Maria encontra-se sentada ou ajoelhada na parte direita do quadro e o Anjo, de perfil, ricamente trajado, na parte esquerda. Um detalhe importante e interessante da pintura é que o espaço que se situa entre a ponta do atril e a margem do cipreste em segundo plano, formam algo como uma coluna invisível que separa o quadro em duas partes, a do Anjo e a de Maria.

Na pintura menor (segunda versão do tema, cuja maior parte fora pintada por Lorenzo di Credi), Maria posiciona coloquialmente os seus olhos e as suas mãos num gesto que simboliza a submissão a Deus. Na primeira pintura, no entanto, Maria não figura como uma personagem submissa, e essa função acarreta-a o Anjo, este sim submisso a Virgem. A própria figura de Maria é representada com certa monumentalidade, pautada pela sua postura erecta.
Em bela jovem, interrompida na leitura pela inesperada mensagem, coloca o um dedo sobre o sítio onde lia e levanta a mão esquerda em saudação ao Anjo. Nessa pintura, a mais marcante dos primeiros anos do pintor, o jovem Leonardo apresenta a faceta humanista e inteligente da Virgem.

As asas do anjo foram pintadas com precisão naturalista, um exemplo da curiosidade científica típico da carreira de Leonardo. Usou o seu conhecimento sobre as asas de pássaros para fazer as asas do anjo.
O trabalho ficou oculto até 1867 quanto foi transferido de um convento próximo a Florença para a Galeria degli Uffizi, também em Florença.

A segunda pintura do tema foi iniciada em 1478, Leonardo com a participação do seu colega Lorenzo di Credi (três anos após o início da pequena Virgem de Granada ou Madonna Dreyfus, que também fora executada pelos mesmos), pintou essa anunciação em um painel pequeno e com medidas muito desproporcionais, o que causou a dificuldade em pintar detalhes minuciosos, ao contrário, a primeira anunciação, fora pintada em um painel de medidas grandiosas, e muito bem distribuídas (98 x 217 cm), o que, facilitou na colocação de pequenos detalhes. Muitos dos elementos utilizados por Leonardo são repetidos e alterados; ao contrário da Maria da primeira pintura, elegante e que parece possuir autoridade sobre o anjo, na segunda parece surgir subserviente a este (como se ele tivesse autoridade sobre Ela), tal como na obra-prima de Fra Angelico. A sua postura de mulher provocadoramente culta e letrada, que encontramos na primeira Anunciação de Leonardo, desaparece na obra pintada com Lorenzo.

Lorenzo di Credi seguiu os passos do seu colega numa constante perseguição visual e interpretativa das suas obras, embora as suas pinturas nunca tenham tido a qualidade das do primeiro, em todos os aspectos, incluído a temática.

Fora pintado também quase no mesmo período, o retrato da jovem Ginevra de' Benci e, em meados dessa década Leonardo iniciou mais uma pintura: Virgem Benois, que deixou inacabada possivelmente devido ao grande efeito técnico que obteria numa obra após iniciada a Virgem do Cravo, que acabara com o seu entusiasmo para com a continuação Madonna anterior.
Ginevra de' Benci é um retrato, cuja atribuição a Leonardo é questionável, tanto quanto a espressão facial da retratada. Prematuramente noiva de Luigi Niccolini, a juventude de Ginevra alcançou a eternidade com esta pintura. Aos quinze anos de idade, o noivado da jovem aristocrática incentivou os pais a procurarem Leonardo, através do atelier de Verrocchio, a fim de que o primeiro pintasse o retrato comemorativo.

Imediatamente atrás da imagem da jovem, surge uma juniperus. A palavra italiana que define esta árvore é ginepro. Tem-se conta de que o nome da jovem e o da pintura, formem um jogo de palavras e icónico. Contudo, o siginificado renascentista da árvore era a pureza e a castidade. Esta idéia é reforçada pela frase inscrita no verso da pintura: A beleza adorna a virtude.
A expressão facial da jovem é o mais intrigante na pintura. Olhando o espectador com veemência, a incerteza dos seus sentimentos intriga os especialistas; não se sabe se está cansada, triste, serena, zangada, ou seja, um rol de sentimentos inacabáveis que a expressão facial lhe atribui.

Pinturas da década de 1480

Na década de 1480 recebeu três importantes encomendas e começou outro trabalho ainda, cujo tema abriu uma rotura em termos de composição. Infelizmente, dois desses três trabalhos nunca foram acabados (devido sua partida para Milão) e o terceiro mesmo sendo feito conforme as exigências da confraria milanesa que o encomendou, foi desprezado. Em 1495, inicia uma cópia baseada no mesmo tema (esta aceita por esta confraria), mas este trabalho demorou tanto tempo para terminar, que somente foi assinado depois das negociações e do devido pagamento; mesmo assim, não foi em vão, sendo que é hoje o terceiro mais importante e conhecido trabalho de Da Vinci.

Uma destas pinturas é São Jerónimo no deserto. No entanto, a obra é apenas um esboço num tema e numa composição pouco usuais na época. São Jerónimo, como penitente, ocupa com a sua figura o centro da pintura, sentado, visto na diagonal linear. Da Vinci serviu-se de um modelo de madeira e pano para conceber a figura do santo, como se fazia na altura. Para o poder pintar nesta posição, a cabeça de Leonardo colocava-se à mesma altura que o meio da tíbia do modelo, pintando-o na diagonal, mais ou menos desde a ponta da cauda do leão. A sua forma, com inclusão do braço direito e da cabeça, assemelha-se à de um trapézio, e o seu olhar está perfeitamente oposto ao do espectador e do próprio pintor; São Jerónimo olha, de forma subserviente, para algo fora da pintura. Em frente ao santo homem, um leão deitado cuja forma do corpo juntamente com a cauda formam duas espirais na base da pintura. Outro particular de interesse é a paisagem inacabada, no fundo da obra, de rochas e escarpas.

Outra composição um tanto quanto atrevida, os elementos paisagísticos e o drama pesoal ressoam na obra de arte inacabada: A Adoração dos Magos, encomenda dos monges de San Donato a Scopeto. É uma composição muito complexa sobre cerca de 250cm de largura e comprimento de uma placa de madeira. Para este trabalho o artista esboçou vários desenhos e numerosos trabalhos e estudos preparatórios, incluindo um detalhe de uma perspectiva linear das ruínas de um edifício clássico.

Estada em Milão (1482-1498)

Mas em 1482, Leonardo foi convidado para trabalhar para a corte milanesa em tributo a Ludovico il Moro (Ludovico Sforza), e a pintura e todo o trabalho que havia tido foi abandonada. Na verdade da Vinci viajou influênciado por Lorenzo de médici (o magnífico); este tinha em mente a difusão da arte florentina por toda a Itália, seu plano, transformar Florença em um centro cultural.

Entre 1487 e 1490 Leonardo assume uma posição de destaque na corte milanesa. O seu trabalho não se resumia a pintar, mas também a organizar festividades e trabalhou vários anos na realização da estátua de Francesco Sforza, que nunca concluiu.

Entre as suas obras acabadas ocupa uma posição de destaque uma pintura de uma senhora da aristocracia, que segura nas mãos um arminho. Em 1485, Leonardo inicia Dama com arminho, retrato provável de Cecilia Gallerani. A pintura é sem dúvida uma obra-prima. A jovem olha para algo fora da pintura com interesse, embora permaneça serena. O arminho repete-lhe o movimento, cuja mão curvada elegantemente corresponde, por sua vez, ao movimento do animal, criando um sintonia entre a modelo e o arminho.

De facto, a linguagem icónica utilizada por Leonardo nesta obra, fez com que permanecessem vários mistérios em relação ao simbolismo do arminho. Uns preferem acreditar que o arminho é uma alusão ao apelido da jovem aristocrata, visto que o som de «Gallerani» é remanescente da acepção grega para arminho, «galée». Noutra vertente, o pequeno animal é considerado um sinal de pureza e modéstia, mas caso o signifique, modéstia não será de certeza, já que não é uma característica de uma cortesã.

Porém, a razão mais provável é a terceira, ou seja, a alusão a Ludovico Sforza. E porquê tal simbolismo? A modelo era a amante de eleição de Ludovico e, a partir de meados de 1480, este começou a usar o arminho como um dos seus emblemas. Assim Ludovico, sob a simbólica forma de animal, surge no regaço da jovem, bem penteado e acariciado pelas mãos da sua amante.
Existem provas documentais de que o quadro pertenceu à retratada. Pouco tempo depois da pintura deste retrato de corte, o seu amante desposou Beatriz d'Este.

Segundo pesquisadores, Cecilia Gallerani também teria posado para o quadro La Belle Ferronière, e ainda, seria ela a Mona Lisa; mas tais fatos nunca foram provados.
Nesse período as pinturas de Da Vinci revelam um conhecimento e uma desenvoltura excepcionais na sua vertente anatómica, resultado dos seus imensos e incansáveis estudos no âmbito assunto e, por isso torna-se mestre nessa ciência.

O terceiro trabalho mais bem sucedido, surpreendentemente é uma das suas principais pinturas, foi encomendado em Milão por uma Confraria religiosa, intitulada Imaculada Concepção, para abrilhantar um altar, sendo a peça central do tríptico da igreja de São Francisco, sustentada por esta instituição religiosa e provavelmente construída por Beatriz d'Este. As outras duas pinturas do tríptico foram feitas pelos irmãos Ambrogio e Evangelista de Predis.

Leonardo escolheu pintar um enfático momento da infância de Cristo quando o pequeno João Baptista, com a proteção de o anjo Uriel, conheceu a Sagrada Família numa gruta do Egipto (Egito), cena aceita pela tradição cristã mesmo não constando na bíblia. Na cena João Baptista reconhece Jesus como sendo o Cristo, mesmo sendo os dois tão jovens. A posição da figura de João na composição é mais abaixo que a de Jesus. No entanto, em vez de Jesus conceder a bênção a João, é João quem a concede a Jesus. Algo que escandalizou os monges. A própria mão de Maria, posta sobre o ombro do pequeno Jesus, assemelha-se a uma garra de condor.
O detalhe mais atormentador da obra pode ser facilmente visualizado: a mão de Maria semelhante a uma garra, parece segurar uma cabeça invisível, logo cortada pela mão de Uriel, que aponta para Jesus.

A pintura solenemente declara a riqueza do conhecimento estilístico do traje e da sua representação, a julgar pela concepção notável do vestuário de Uriel, impressa numa figura sóbria e imponente, que perde lugar na segunda versão onde assume outra pose, desta feita, simplista e menos detalhada.

Existem duas versões oficiais e uma de que se discute a autoria. A primeira, maior, mais complexa e pautada pela falta de sintonia entre os elementos, de nome Madona das Rochas. A segunda, a verdadeira obra-prima intemporal, com uma composição mais madura e cuja manifestação do chiaroscuro está em perfeita harmonia. A Virgem das Rochas, essa, sim, feita conforme a exigência da Confraria da Imaculada Conceição, é hoje o terceiro mais famoso e aclamado trabalho do génio intemporal de Leonardo da Vinci.

A Virgem das Rochas (1495-1508)

A Virgem das rochas (ou dos rochedos), retrata a Virgem Maria ajoelhada, com um manto azul, parecendo este ser feito de veludo, cuja parte interna parece ser composta de seda, de cor amarela que, ao refletir a luz, se torna dourada. Devido a composição do manto, ou seja dois tecidos, causa a sensação de peso que, por sua vez, inclina a postura de Maria; a diferença de ambos os tecidos causa ao observador um efeito surpreendente e elegante, sem exceção da mantilha transparente quase invisível, que parece desaparecer nos seus cabelos castanhos, cujas pinceladas dão a sensação de estarem molhados.

Não é adimirável o facto de ser este o terceiro mais importante quadro de Leonardo, pois o artista aprendera a transmitir com total maestria as sensações (enfado, tristeza, felicidade, provocação, etc) nas suas obras, resultado do intenso treino da representação anatómica. A sensação de distância, que representava facilmente através de formas esbatidas, devido a falta de nitidez em relação à paisagem longínqua e a adição do pigmento azul. Com a distância, algo principalmente visível em paisagens montanhosas, os objectos observados perdem a nitidez e tornam-se gradualmente azulados.

Na composição Jesus está na frente da Virgem, no centro, para ser adorado. Encontra-se nú, de modo a demonstrar a pureza da criança. A seu lado está João Batista, com o estandarte da evangelização em Cristo. A Virgem parece empurrá-lo para junto de Jesus para ser abençoado por este. O anjo Uriel parece proteger o Menino, pois, logo à frente localiza-se um abismo. Ao seu lado, com uma das mãos nas suas costas segurando-o firmemente e outra repousando sobre seu próprio joelho, observando João Batista, o seu protegido. A Virgem Maria, tanto aparenta abençoar seu filho, quanto receber a bênção dele.

A paisagem escura parece estar se abrindo vagarosamente deixando a luz iluminá-la, parecendo trazer calor para um local, aparentemente, dominado pela humidade (umidade) das águas. São visíveis plantas aquáticas e terrestres, ambas dominadas pelo castanho da terra, a não ser pelas flores, com cores que parecem transmitir a tranqüilidade em uma paisagem dominada pela erosão.

Apesar das avantajadas medidas, cerca de 200 por 120 cm (a segunda cerca de 190 por 120 cm), ambas as pinturas da Senhora nas Pedras não são tão complexas quanto a encomenda dos monges de São Donato, constando em cena somente quatro figuras - cuja forma conjunta completa uma pirâmide triangular - numa paisagem rochosa onde constam muitos detalhes arquitecturais. Eventualmente, a pintura foi acabada. De facto, duas versões desta pintura foram feitas, uma entregue a Confraria religiosa e a outra levada para a França pelo próprio Leonardo (onde provavelmente foi vendida a algum cortesão francês).

A que se encontra em exposição nas paredes do Museu do Louvre, em Paris, foi levada para a França pelo próprio Leonardo, quando este, a convite do rei, se instalou na mansão (ou castelo) de Clos Lucé, perto da residência majestosa de Amboise; a que faz parte da National Gallery de Londres, foi anteriormente propriedade de um rico burguês (a pintura fora roubada da Confraria séculos depois de ser concluída, pelas tropas de Napoleão, sendo depois de muitas décadas encontrada em uma pequena cidade da Áustria, antes de pertencer a este comerciante).

A suposta terceira versão de Madona das rochas, não é declarada ainda como pintura de Leonardo, devido à falta de fatos concretos. Segundo historiadores e críticos, não haviam motivos históricos para que Leonardo, pintasse pela terceira vez o mesmo tema, pois, a Confraria religiosa contentara-se com A Virgem das Rochas (segunda versão de Madona das Rochas), mas não é possível descartar tal hipótese.

Retrato de um músico (1485)

Enquanto ainda pintava a Madona das Rochas, precisamente em 1485, Leonardo inicia a pintura de Retrato de um Músico e no mesmo ano a conclui. É um retrato simples, revelador de alguma falta de empenho na sua pintura. Coloca-se a hipótese de que o homem representado tenha sido Franchino Gaffurio, professor de música da capela da Catedral de Milão, na década de 1480.
Na verdade, essa é talvez sua pintura menos detalhada, devido à falta de esmero da parte de Leonardo em relação a esta obra. A hipótese mais provável, no caso de a pintura ser sua, é que Leonardo não estaria a gostar de pintar esse retrato (que é o único retrato masculino atribuído a Leonardo da Vinci).

Devido à notável falta de empenho na realização do trabalho, juntamente com a postura rígida e a agressividade das sombras, a atribuição da obra a Leonardo é uma das mais controversas e enigmáticas de toda a História da Arte.

Na restauração da obra em 1905, eliminou-se uma vaga camada de verniz que se sobrepunha à pintura a óleo, fazendo aparecer a mão e uma folha de papel com letras de música. Daí o nome da pintura. O olhar do músico parece irreal, perdido no espaço, pensativo, vago e intimista, mas pensa-se que possa ter estado a ler a música, e tenha após a leitura retirado os olhos do papel e olhado para o vazio, em silêncio, e imaginando o desempenho da composição.
Encontra-se actualmente na Pinacoteca Ambrosiana, em Milão.

Pinturas da década de 1490

No início dessa década, Leonardo estava em Milão. Havia concluído o retrato de Cecilia Gallerani (Dama com Arminho) e inicia então outros dois retratos, sendo um deles Retrato de Dama, cuja modelo é Beatriz d'Este (esposa de Ludovico Sforza), este quadro fora pintado com a participação dos irmãos Ambrogio e Evangelista de Predis (que pintaram duas obras do tríptico da Madona das Rochas)[4]; e o segundo retrato ficara somente pronto após cinco anos e foi intitulado erroneamente como La Belle Ferronnière; este seria provavelmente o retrato de Lucrezia Crivelli, amante de Ludovico.

Datam-se também no começo desse período mais duas obras, a pintura Madona Litta (que supostamente Leonardo teria pintado junto ao seu pupilo Giovanni Antonio Boltraffio) e, o importante desenho Homem Vitruviano, que representa as proporções clássicas do corpo humano de acordo com Marco Vitruvio Polião (daí “Vitruviano” devido a Vitruvio). Em meados da mesma década, Leonardo começa então a pintar o afresco A Última Ceia e a segunda versão de Madona das Rochas que fora concluída somente treze anos depois.

A maior e celebre pintura do período de 1490 é A Última Ceia, o tema fora pintado em Milão no refeitório do convento Santa Maria delle Grazie. A pintura representa a última ceia de Jesus com seus discípulos antes de sua captura e morte. Ela mostra especificamente, o momento em que Jesus comunicava aos seus discípulos qual deles que haveria de o trair.
O curioso dessa pintura é a presença da Astrologia[carece de fontes?], Leonardo teria pintado cada discípulo com uma atitude do Zodíaco e, Jesus sentado no centro representa o centro do universo, caracterizando as qualidades de todos os doze signos. Da direita para a esquerda os discípulos representam[carece de fontes?] os seguintes signos:

O apóstolo Simão (o Zelote) representa Áries, Judas Tadeu / Touro, Mateus / Gêmeos, Filipe / Câncer, Tiago (o Maior) / Leão, Tomé / Virgem, João / Libra, Judas / Escorpião, Pedro / Sagitário, André / Capricórnio, Tiago (o Menor) / Aquário e Bartolomeu / Peixes.
A técnica experimentada por Leonardo não foi muito bem sucedida (óleo, tempera e técnica mista sobre parede), e a pintura apresentou deteriorações antes de concluída.

Pinturas da década de 1500

Nesse período devido à tomada de Milão Leonardo retorna a Florença, onde então inicia a pequena pintura intitulada de Madona do Fuso.

Madonna do Fuso foi uma pintura de Leonardo da Vinci. Realizada a óleo, em Florença, no ano de 1501, o original já não existe; existem apenas cópias baseadas no primeiro. Foi pintado quase no mesmo período de Mona Lisa, daí o facto de as paisagens no fundo da composição serem semelhantes em ambos os quadros.

O nome desta pintura realizada por Leonardo é esse porque o Menino segura um fuso de fiar, cuja forma, em primeira vista, se assemelha a uma cruz e só numa observação mais precisa se clarifica o que de facto representa. O fuso demonstra o espírito doméstico da Madonna (Virgem Maria), mas também remete o observador para uma alusão da cruz, símbolo de Jesus Cristo.
Ao longo dos tempos, vários críticos têm atribuído diversas interpretações ao fuso, mas o mais certo, é mesmo que represente uma cruz, mas simplesmente, de forma simbólica.

De facto, a enorme inteligência e criatividade de Leonardo permitia-lhe tratar todos os assuntos que lhe provocavam algum interesse recorrendo a símbolos. Caso queira representar uma cruz, especialistas apontam duas hipóteses, sendo a mais provável a segunda. Muitos crêem, baseando-se na cópia existente, que o Menino mira o fuso (simbolicamente, a cruz) com uma devoção perplexa, reforçada pela expressão do seu olhar, que parece agradado com o objecto que tem em mãos. No entanto, em segunda hipótese, está a idéia de que o Menino brinca com o fuso com alegria, o que seria considerado uma heresia na altura em que foi pintada, caso este represente uma cruz. A imagem de Jesus brincando com a cruz não seria aceite pela conservadora sociedade, e menos ainda pela Igreja e pelo Tribunal Inquisidor.

Logo após o termino da Madona do Fuso, exatamente em 1502, torna-se engenheiro militar (oficial) de César Bórgia (Duque de Valentino). No mesmo ano viaja com este pelo norte da Itália (período em que desenhou muitos mapas e outros tipos de representações cartográficas), e acaba conhecendo Nicolau Maquiavel. No final desse mesmo ano retorna novamente a Florença, onde no ano seguinte inicia a sua pintura principal, a Mona Lisa, também conhecida como La Gioconda, juntamente com um mural público intitulado de Batalha de Anghiari (que infelizmente devido a problemas técnicos, em relação a nova maneira por ele criada para a execução de afrescos, não o conclui).

Mona Lisa

Em 1503, Leonardo inicia sua mais celebre pintura, a Mona Lisa. A Mona lisa demonstrou o ótimo controle deste em relação as técnicas por ele criadas, a técnica sfumato (Esfumaçado) e o chiaroscuro (Claro e Escuro), mas o sfumato é a técnica principal dessa obra de Arte. Leonardo somente conseguiu concluir a sua celebre obra prima em cerca de 2 a 4 anos.

O quadro representa uma mulher com uma expressão introspectiva e um pouco tímida. O seu sorriso restrito, é muito sedutor, mesmo que um pouco conservador. Não se sabe quem seria a modelo da pintura mas, há hipóteses que seja Lisa Gherardini.

O nome Monna Lisa foi-lhe atribuído por Giorgio Vasari, em 1550, trinta e um anos após a morte de Leonardo. O Nome La Gioconda, foi atribuído por Cassiano del Piombo em 1625, por pensar que fosse o retrato de "Lisa" (ou Elisa) Gherardini, mulher do comerciante abastado de Florença Francesco del Giocondo.

O historiador Maike Vogt-Lüerssen de Adelaide, sugeriu após ter pesquisado o assunto por 17 anos, que a mulher por trás do sorriso famoso é Isabel de Aragão, Duquesa de Milão, para quem Leonardo da Vinci trabalhou como pintor da corte durante 11 anos. O padrão do vestido verde escuro de Mona Lisa indica, segundo este estudioso, que é um modelo membro da casa de Visconti-Sforza. O retrato de Mona Lisa terá sido o primeiro retrato oficial da nova Duquesa de Milão e pintado no inverno ou verão 1489 (e não em 1503). O autor compara cerca de 50 retratos de Isabel de Aragão, representada como a Virgem ou Santa Catarina de Alexandria (nos quais só a própria duquesa poderia servir de modelo), e conclui que a semelhança à Mona Lisa é evidente. Ao lado um dos retratos da duquesa, pintado por Rafael Sanzio.

Este quadro é provavelmente o retrato mais famoso na história da arte, senão, o quadro mais famoso de todo o mundo. Poucos outros trabalhos de arte são tão controversos, questionados, valiosos, elogiados, comemorados ou reproduzidos.

Em cerca de dois a três anos após o termino da Mona Lisa Leonardo retorna a Milão.

Retorno a Milão (1506-1513)

Algum tempo após retornar a Milão (cerca de dois anos), Leonardo então conclui a sua obra prima A Virgem das Rochas, que é vendida para a Confraria da Imaculada Conceição, para ser posta no altar da igreja no lugar Madona das Rochas (que não foi bem aceita pela confraria devido a alguns detalhes segundo eles “terríveis”); e a pintura rejeitada, Leonardo anos depois levaria para a França juntamente com a Mona Lisa.

Um ano após seu retorno a Milão, Leonardo inicia uma pequena pintura intitulada como Cabeça de Mulher ou La Scapigliata, que fica inacabada, mas, três anos depois serviria de modelo para o rosto de Leda (principal figura do quadro Leda e o Cisne).

Um ano após a pintura La Scapigliata, Leonardo da Vinci inicia uma nova pintura de avultadas medidas (168 x 112 cm). Nessa nova pintura Leonardo controla bastante bem a técnica do sfumato, mas ficou por concluir devido à sua partida para Roma. Esta obra é A virgem e o menino com Santa Ana, que retrata a Virgem Maria, seu filho Jesus e sua mãe Santa Ana (ou Sant’Ana), avó de Jesus, em uma cena privada e intimista da vida dos personagens. O que faz esta pintura incomum é que há duas figuras posicionadas obliquamente, sobrepostas. Maria está sentada no joelho de sua mãe, Sant’Ana. Ela se inclina para frente para segurar o menino Jesus que brinca (um tanto grosseiramente) com um cordeiro, sinal de seu próprio e vindouro sacrifício. Na composição desta pintura, Leonardo mostra novidades que serão adotadas principalmente pelos pintores venezianos Ticiano e Tintoretto, bem como Andréa Del Sarto, Pontormo e Corregio.

No fundo do quadro há cordilheiras geladas, que aos poucos perdem sua nitidez devido à distância. A maior parte das pinturas de Leonardo possui montanhas ou cordilheiras, devido a sua curiosidade e admiração pelas mesmas.
As figuras, sem exclusão do cordeiro, conservam uma aparência leve e suave através do esbatimento da cor, técnica muito aplicada nas obras tardias de Leonardo, de nome sfumato.

Últimos trabalhos (pinturas da década de 1510)

Estada em Roma (1513-1516)

No início dessa década de 1510, Leonardo iniciou a pintura Leda e o Cisne (um dos dois únicos nus atribuídos a Leonardo), assim como a Madona do Fuso não existe mais; em 1513, da Vinci viajou para Roma (levando consigo o quadro Leda), na verdade ele queria participar da criação de Afrescos na capela Sistina, mas, devido a intrigas com o papa da época não teve tal oportunidade. Os problemas que Leonardo tivera, fora em relação aos seus estudos de anatomia (algo não bem visto pela Igreja, que considerava como prática herege), em 1515, Leonardo então conclui sua pintura Leda e o Cisne (baseado da Mitologia Grega). A pintura Leda, provavelmente foi destruída pela inquisição da igreja Católica, assim como algumas obras de Botticelli.

Enquanto ainda pintava Leda, Leonardo iniciou outra pintura a óleo (no período de 1513), intitulada de São João Batista, que somente viera a concluir em 1516 (e logo após o seu termino, viaja para a França, a convite do rei Francisco I, levando consigo as obras: Mona Lisa, a Madona das Rochas, e São João Batista). Não se sabe se esta obra fora pintada representando o santo com uma delicadeza feminina propositalmente; acredita-se que Leonardo queria provocar a Igreja,[carece de fontes?] então o motivo da certa representação que parece contradizer a personalidade de João Batista descrita na bíblia.

Principais Trabalhos

Anunciação – 1472/1475
A virgem de Granada - 1475/1480
O Batismo de Cristo - 1475/1478
Ginevrà de’Benci - 1475/1478
Madona Benois – 1475/1478
Madona Del Garofono (Senhora do Cravo) – 1478/1480
Anunciação (Segunda Versão) – 1478/1482
São Geronimo – 1480/1482
Adoração dos Magos – 1481/1482
Madona das Rochas – 1483/1486
Retrato de Músico – 1485
Dama com Arminho – 1485/1490
Retrato de Dama – 1490
Madona Litta – 1490/1491
La Belle Ferronière – 1490/1495
A Última Ceia – 1495/1497
A Virgen das Rochas – 1495/1508
Madona, o Menino,Sant'Ana e São João Batista – 1499/1500
Mona Lisa ou La Gioconda – 1503/1506
A Virgem, O Menino e Sant’Ana – 1508/1510
São João Batista – 1513/1516
São João Batista (com atributos de Baco) – 1513/1516

Desenhos

Homem Vitruviano – 1490
Cabeça de Mulher ou La Scapigliata – 1507

Pinturas que sobreviveram por cópias

Madona do Fuso – 1501
Batalha de Anghiari – 1503/1505
Leda e o Cisne – 1510/1515

Ciência e criações (desenhos)

Leonardo não foi um pintor prolífico, mas foi o mais prolífico desenhista (projetista), mantendo diários cheios de pequenos rascunhos e desenhos detalhados registrando todas as coisas que lhe chamavam atenção. Juntamente com os diários, existem diversos estudos de pinturas, alguns dos quais podem ser identificados como preparações para trabalhos específicos como A Adoração dos Magos, a Madona das Rochas e A Última Ceia.

Talvez até mesmo mais impressionantes que os seus trabalhos artísticos sejam os estudos em ciências e engenhosas criações, registrados em cadernos que incluem umas 13 000 páginas de notas e desenhos que fundem arte e ciência.

Da Vinci tentou entender os fenômenos e descrevendo em detalhe extremo, e não enfatizou experiências ou explicações teóricas. Ao longo de sua vida, planejou uma enciclopédia baseado em desenhos detalhados de tudo. Como não dominava o latim e a matemática, o Leonardo da Vinci cientista era ignorado pelos estudiosos contemporâneos.

Ele participou em autópsias e produziu muitos desenhos anatômicos extremamente detalhados e planejou um trabalho inclusive com humanos e anatomia comparativa. Ao redor do ano 1490, ele produziu um estudo das proporções humanas baseado no tratado recém-redescoberto do arquiteto romano Vitruvius. Leonardo debruçou-se sobre o que foi chamado o Homem Vitruviano, o que acabou se tornando um dos seus trabalhos mais famosos e um símbolo do espírito renascentista. O desenho reproduz a anatomia humana conduzindo eventualmente ao desígnio do primeiro robô conhecido na história que veio a se chamado de O Robô de Leonardo.

Fascinado pelo fenômeno de vôo, Da Vinci produziu detalhado estudo do vôo dos pássaros, e planos para várias máquinas voadoras, tentou aplicar seus estudos para os protótipos que desenhou, o primeiro batizado de SWAN DI VOLO (Cisne voador), segundo especialistas é de 1510, inclusive um helicóptero movimentado por quatro homens, e um planador cuja viabilidade já foi provada.

Em 1502 Leonardo da Vinci produziu um desenho de uma ponte como parte de um projeto de engenharia civil para Sultão Beyazid II de Constantinopla. Nunca foi construída, mas a visão de Leonardo foi ressuscitada em 2001 quando uma ponte menor, baseada no projeto dele, foi construída na Noruega.

Os seus cadernos também contêm várias invenções no campo militar: canhões, um tanque blindado movimentado por humanos ou cavalos, bombas de agrupamento, etc., embora considerasse a guerra como a pior das atividades humanas. Outras invenções incluem um submarino e um dispositivo de engrenagem que foi interpretado como a primeira calculadora mecânica. Nos anos dele no Vaticano, planejou um uso industrial de poder solar, empregando espelhos côncavos para aquecer água(inventou a primeira máquina a vapor).

Em astronomia, acreditou que o Sol e a Lua giravam ao redor da Terra, e que a Lua refletia a luz do Sol devido a ser coberta por água.
Outros desenhos de interesse incluem numerosos estudos de deformidades faciais que são freqüentemente referidas como caricaturas, enquanto que uma análise mais próxima da estrutura do esqueleto indica que a maioria foi baseada em modelos vivos. Há numerosos estudos do belo jovem Salaino com seu raro e admirável traço facial, o assim chamado “perfil grego”. Ele é frequentemente retratado usando fantasias.
Leonardo é conhecido por ter desenhado composições para carros alegóricos (quadros-vivos) com os quais podia estar associado. Outros desenhos, frequentemente meticulosos, mostram estudos para drapejamento (pano para cortina). Um desenvolvimento marcante na habilidade de Leonardo em drapejamento ocorreu em seus primeiro anos.

Da Vinci não publicou e nem distribuiu os conteúdos de seus cadernos. A maioria dos estudiosos acredita que Leonardo quis publicar os cadernos e fazer com que as sua observações fossem de conhecimento público. Eles permaneceram obscuros até o século XIX.
A influência de Leonardo na história da arte européia é bastante profunda. Algumas técnicas desenvolvidas por ele, destacadamente o sfummato e o chiaroscuro, tornaram-se uma regra para a pintura dos séculos vindouros.

É considerado por muitos como o arquétipo do Homem do Renascimento.
Grande inventor de sua época, Leonardo da Vinci era um homem à frente de seu tempo. Seu interesse e criatividade em vários campos de estudo deram origem a invenções como: salva-vidas, pára-quedas, bicicleta, entre outras.

Curiosidades

A personalidade de Da Vinci sempre foi cercada por uma aura de mistério. Engenhosidades foram vistas com suspeita em uma época crua e com ideologias rigorosas.

Em um ambiente ainda muito influenciado pela Igreja Católica era fácil trocar um estudo científico aprofundado por uma heresia; logo, especula-se que Da Vinci acabou optando pela clandestinidade para expressar o que realmente acreditava. Muitos sustentam[carece de fontes?] que Da Vinci era pagão e que só explorou as instituições religiosas para tirar lucro das incumbências deles.

Alguns simbolistas dizem que há mensagens escondidas em seus trabalhos que reforçam esta idéia. Apesar disso, há diversos estudos contemporâneos que atestam que Da Vinci foi um ateu[carece de fontes?]fervoroso. Não obstante isto as suas obras de arte, dentre elas a A Última Ceia o colocam como um dos maiores expoentes da Arte sacra.

As lendas em Da Vinci são múltiplas e elas ainda inspiram até hoje imaginações em cima de todo limite. O Código de Da Vinci é o exemplo contemporâneo mais evidente que a história do artista ainda desperta numerosas curiosidades e como muitas polêmicas. Os textos são analisados do ponto de vista simbólico entre seus trabalhos mais importantes.

Para citar o mais conhecido, há teorias que Mona Lisa é um auto-retrato, mas com feições femininas, explicando assim o sorriso ambíguo. No entanto, a idéia mais aceita é que o retrato ilustra a da esposa do comprador, Francesco Bartolomeo del Giocondo - daí o nome La Gioconda. Mas mesmo assim, ainda há o simbolismo por trás do nome: o nome Mona Lisa poderia ser um anagrama de duas divindades egípcias da fertilidade Amon e L'Isa, muito referenciadas pelos pagãos da época. Esta última hipótese foi inventada pelo escritor Dan Brown no seu livro O Código Da Vinci. Carece, contudo, de qualquer fundamentação histórica, tendo sido duramente criticada por estudiosos de arte. De fato, Leonardo não punha nomes nos seus quadros. O nome Monalisa foi dado à pintura por Giorgio Vasari, quase três décadas após a morte do pintor.

Da Vinci tinha um amor natural pelos animais. O historiador Edward McCurdy, citado no livro Jaulas Vazias, do filósofo e professor emérito Tom Regan, menciona: "a mera idéia de permitir o sofrimento desnecessário e, mais ainda, de matar, era abominável para ele". Segundo os relatos verificados por Regan, o inventor adotou uma dieta vegetariana na infância, por razões éticas. Leonardo teria atacado a vaidade humana com as seguintes palavras: "Rei dos animais - é como o humano descreve a si mesmo - eu te chamaria Rei das Bestas, sendo tu a maior de todas - porque as ajudas só para que elas te dêem seus filhos, para o bem da tua goela, a qual transformaste num túmulo para todos os animais.



Um comentário:

Diego Trambaioli disse...

Parabens...realmente muito interesante...voce sabe que amo historia e com esse seu trabalho descubrì mais coisas interesantes!!